Archive for the ‘ Minhas Reflexões ’ Category

Será que você está sabendo satisfazer as necessidades do seu cliente como ele deseja?

Como muitos de vocês sabem, me formei em engenharia elétrica em uma faculdade particular. Mas sempre tive o sonho de estudar numa universidade pública. Acreditava que só lá poderia encontrar pessoas excepcionais! Inteligentíssimas! Enfim… Coisa de gente nova, imatura, sonhadora e inexperiente… pois, quando finalmente consegui ser aceita na tal universidade, percebi que na maioria os que estão lá dentro são seres humanos iguaizinhos a mim… com as mesmas capacidades e dificuldades.

Mas a verdade é que um ou outro acabam mesmo te impressionando pela inteligência e genealidade! E quando você tem a oportunidade de conviver com essas pessoas, realmente é uma grande satisfação.

Eu tive esse prazer. Todos os professores que eu tive lá foram excelentes. Meu orientador mesmo é inteligentíssimo além de ser uma pessoa maravilhosa.

Mas dois professores me chamaram muito a atenção: Wilson Bassani e Rosana Bassani. Isso mesmo. Eles são casados. E que casal maravilhoso! Não me ensinaram apenas as disciplinas (que aliás foram as mais difíceis do curso inteiro) mas também verdades sobre a vida. E é a respeito de uma dessas verdades, ensinadas pelo Profº Bassani, que quero conversar com vocês hoje.

Cadeirante[1] Certa vez ele contou a respeito de alguns alunos que ele teve no curso de Engenharia  Biomédica.

Ao se formarem, esses alunos saíram cheios de sonhos, idéias, entusiasmo.

Eles tinham em comum um amigo paraplégico e num belo dia, sentados num bar, tiveram trocentas idéias de equipamentos  que eles poderiam inventar e construir para  facilitar (pensavam eles) de alguma forma as atividades diárias deste amigo cadeirante. Pensaram em geringonças complexas com n funcionalidades.

Quando as idéias já estavam todas amadurecidas, partiram para a casa do cadeirante e, ao chegar lá, despejaram nele todas as idéias.

Ele carinhosamente agradeceu pela iniciativa dos meninos em tentar tornar mais fácil o seu dia-a-dia e disse que, infelizmente, as idéias que eles tiveram pouco o ajudariam, uma vez que ele já estava totalmente adaptado à sua condição de cadeirante. Todas as necessidades que eles previram não significavam muito para o cadeirante.

Os rapazes já estavam até desanimados e frustrados quando o cadeirante olhou para eles e disse que, no entanto, havia uma coisa que o atrapalhava o dia todo e que talvez eles poderiam dar um jeito. Com o entusiasmo de volta, perguntaram a ele o que seria essa “coisa”. E ele com a maior simplicidade do mundo perguntou se eles não poderiam alargar as portas dos cômodos da casa para que ele pudesse transitar com mais facilidade sem ter que fazer tantas manobras com a cadeira!

Imaginem só a cara dos alunos do Profº Bassani!!! Estavam tentando inventar coisas estrambólicas quando um simples alargamento de porta já deixaria o “cliente deles” absolutamente satisfeito e feliz.

Resultado? Os meninos arregaçaram as mangas, pegaram as marretas e foram ao trabalho.

Essa história parece ser tão simples! Mas se observarmos bem veremos que traz uma lição muito interessante.

Nós, que somos engenheiros, não podemos perder o foco do nosso projeto. Temos que pensar que na maioria das vezes não seremos o usuário final daquilo que estamos produzindo. Será que o nosso produto final realmente satisfaz o desejo e necessidade da pessoa a quem ele será destinado? Será que realmente conhecemos esses desejos e necessidades? Se não os conhecemos, todo o nosso trabalho será em vão!

Pense nisso. 😉

Uma ótima semana para vocês e até o próximo post.